Entrevista com José Roberto Lux (Zé Boquinha)
A nossa entrevista de hoje é com o grande José Roberto Lux, mais conhecido como Zé Boquinha. É ex-jogador de basquete e futebol (pra quem não sabia), ex-técnico de basquete, e atualmente é comentarista dos canais ESPN e da Rádio Estadão ESPN, tanto no futebol quanto na NBA.
Confira agora a entrevista completa:
Lucas Mergel - Começou sua carreira nos esportes jogando futebol no União Barbarense. Por que não seguiu essa carreira? E como decidiu seguir o basquete?
Zé Boquinha – Eu praticamente nasci dentro da Barbarense. Meus pais eram zeladores e o “velho” era técnico do time. Fui mascote e joguei desde garoto em todas as categorias. Quando eu tinha 14 anos, meu professor de educação física me convenceu a jogar basquete. Eu tinha 1,85m e era alto pra época, isso em 1959. Até 1964 joguei os 2 esportes, daí entrei na faculdade, comecei a trabalhar e tive que definir. Como no basquete já estava sendo convocado pra seleção paulista e havia ganhado vários títulos, decidi pelo esporte da bola laranja.
LM - Era quarto zagueiro quando jogava futebol. Qual é o melhor zagueiro que viu jogar ao vivo? Por quê?
ZB – Nos anos 60, Mauro Ramos de Oliveira, bi campeão do mundo, depois dele, Luiz Pereira.
LM - O XV de Piracicaba foi seu primeiro clube como profissional. Como foi essa experiência? Quantos títulos ganhou?
ZB – Exato. Foram 8 anos de Piracicaba, desde o juvenil. Com 17 anos já era titular do time principal! Depois Tênis de Campinas e Corinthians.
Fui penta campeão de jogos abertos, bi-campeão do interior, campeão paulista e vários outros títulos.
LM - Quando começou a sua carreira no basquete, nos anos 60, o esporte não era tão difundido por aqui. Isso foi um agravante para sua carreira?
ZB – Pelo contrário. O basquete era o segundo esporte no país, bi-campeão do mundo, 3 medalhas olímpicas de bronze. E isto me incentivou demais!
LM - O bronze com a seleção brasileira em 1967 nos Jogos Olímpicos foi o título mais importante da sua carreira?
ZB – Na verdade eram os jogos olímpicos universitários em Tókio. Eu era o capitão da equipe! Eu me revelei na época do ouro do nosso basquete e não estava seleção brasileira principal, pois ninguém concorria com Wlamir, Amaury, Rosa Branca, Mosquita, Jatyr e outras feras.
LM - Como treinador iniciou a carreira no Tênis Clube de Campinas em 1978 já ganhando o título dos Jogos Abertos do Interior. Isso certamente deu muita tranqüilidade para a continuidade de seu trabalho. Como foi essa fase da sua vida?
ZB – Iniciei vencendo e isso faz com que você tenha e passe confiança no que faz. O basquete era um meio e eu também trabalhava numa multinacional, “Singer do Brasil”.
Meus filhos nascendo, foi puxado, mas eu gostava do que fazia. Depois, a partir de 1981, tive a chance de freqüentar o basquete norte-americano, fazendo vários estágios em universidades e NBA – o que acrescentou muito ao meu trabalho.
LM - Foi eleito o melhor técnico do ano por quatro oportunidades. O quão importante isso foi para você na época?
ZB – Foi a consolidação e o reconhecimento do meu trabalho. Bom demais!
LM - Sempre que fala sobre o time de Rio Claro em suas transmissões, fala com certa nostalgia. Guarda mesmo um certo amor por aquele time e pela época que era técnico?
ZB – Em Rio Claro encontrei meu “ninho”. Fui técnico em 3 diferentes ocasiões; ganhei tudo por lá (Jogos abertos, bi-campeão paulista, sul-americano, Ccopa América, entre outros) – inclusive ganhando do campeão da Europa, Real Madrid, em Madrid, no torneio de Natal em 1995.
LM - Para que time torce na NBA? (Abre seu coração Boquinha, rs)
ZB – Honestamente, nenhum. Fiz estágios no Boston, Dallas, Toronto e Miami, mas por ser comentarista não tenho mesmo nenhum time preferido!
LM - Jordan realmente foi o melhor jogador que viu jogar? Se sim, qual foi o 2°? Se não, qual foi o melhor?
ZB – Sem nenhuma dúvida. Ele foi o Pelé do basquete, abaixo dele: Magic e Bird.
LM - Qual seria o seu “dream team” de todos os tempos no basquete mundial? (Fale os 5 titulares e os 5 reservas).
ZB – Na NBA: Jordan, Chamberlain, Bird, Magic e Bill Russell. Segundo time com: Oscar, Robertson, Kobe, Kareem e Hakeem Olajuwon. E internacionalmente: Wlamir, Amaury, Patrovic, Sabonis e Dirk.
LM - Desde que é comentarista dos canais ESPN, qual foi o momento mais marcante, entre transmissões e/ou papos na redação?
ZB – O início das transmissões da NBA foram excitantes e o meu começo como comentarista de futebol em 2007 na copinha e depois na A2 do Paulista.
LM - Qual é o seu ídolo no futebol, no basquete, e no jornalismo?
ZB – No futebol, meu ídolo foi Gilmar dos Santos Neves, goleiro do Corinthians, Santos e seleção brasileira. No basquete Pecente, que jogou comigo no XV e foi campeão mundial em 1959 e pra mim, o maior armador da história do nosso basquete. Jornalista, um grande amigo e incentivador, José Góes (foto acima), já falecido, da TV Cultura.